O rio constitui uma bacia onde existem tributários de peso, como o rio Capim, que deságua no suserano onde se encontra a cidade de São Domingos do Capim, no chamado nordeste paraense.
Tanto em extensão como no volume de água, o rio Capim é bem maior, pois, nascendo ao lado do lago da barragem de Tucuruí, o rio aponta suas águas sempre na direção norte e percorre mais que 600 quilômetros até encontrar finalmente a depressão do poderoso Amazonas.
O Guamá, nascendo a leste da cidade de Aurora do Pará, descreve um arco de círculo pelo norte e desliza por formações rochosas aflorantes de origens basálticas e graníticas, precipita-se na direção do sul em busca da depressão do delta amazônico, encontrando o Capim no seu terço médio.
Rio Guamá na orla da UFPA
Em São Domingos ainda se faz sentir o efeito das marés, tendo em vista que, desde a península Belém até lá, não há mais que 5 metros de altura. No encontro dos dois rios, em épocas de marés de sizígias, há a formação de pororoca, cuja atração turística já foi bastante aproveitada, porém, hoje, tende a diminuir e desaparecer, haja vista a falta de persistência para a divulgação de um turismo ímpar, pois esse é um fenômeno que acontece somente no Pará e no norte do Amapá.
Desse encontro e já dentro da influência do delta amazônico, o volume das águas torna-se avantajado, havendo larguras de 2 quilômetros com profundidades de dez metros. O Amazonas esparrama suas águas por todo esse caminho e é por isso que as águas são barrentas na maior parte do ano. Porém, nas nascentes, os dois rios apresentam águas límpidas e transparentes.
Ao chegar à costa da península Belém, o rio Guamá forma um verdadeiro delta, com três bifurcações que se encontram na baía de Guajará. Uma das ilhas, talvez a maior delas, chamada ilha do Combu, fica à vista de quem passa pela orla da cidade naquela face. A ilha pertence ao município do Acará, porém é habitada por pessoas oriundas da Região Metropolitana de Belém, da feita que a travessia é rápida e fácil.
A ilha já foi proposta pelo arquiteto Alcyr Meira para se tornar um bairro exemplar da cidade de Belém, como uma forma de fugir da ocupação desordenada e aproveitar a pujante flora que lá ainda existe.
A olhos vistos, a ilha já está sendo ocupada, e são muitas as residências sem qualquer aspecto de palafitas, em local cercado por açaizeiros exuberantes. Em oposição, a margem direita, onde estão os bairros do Jurunas, Condor e Guamá, a ocupação é terrível, mostrando uma ocupação por palafitas sujas e desengonçadas, ocupação por indústrias de transformação desordenadas e incipientes, ocupação por portos particulares e estaleiros caseiros, uma balbúrdia total que remonta aos primórdios dos agrupamentos humanos.
Essa ocupação das margens altera substancialmente as correntes. É que algumas protuberâncias que adentram o rio foram mantidas, enquanto outras foram sendo eliminadas, alterando a geometria da costa.
Um exemplo é a protuberância onde se encontra a Copala, logo após a UFPA. A corrente está desviando para a ponta da ilha do Combu e criando áreas de remanso na área da Cata, por onde já está passando a pista do Projeto Orla da prefeitura.
A costa da ilha do Combu está sendo escavada e parte poderá desaparecer, tendo em vista as fortes correntes. O mesmo está acontecendo com a margem da Universidade Federal do Pará, que está recebendo de forma frontal a corrente do Guamá e, nesse embate, a margem está sendo erodida furiosamente.
Conheço no Pará várias cidades com esse problema. A mais famosa é Cametá, que recebe a corrente do Tocantins de forma frontal e muitos recursos têm sido gastos para salvar a cidade da impetuosidade do rio.
Um problema parecido e mais tenebroso é o de Òbidos, pois recebe o Amazonas na sua face. Por essa razão, a geometria do Projeto Orla deve estudar a hidrologia do rio, para que não lhe aconteça um ataque frontal das correntes do lendário rio Guamá, que poderá ser mais furioso que se possa pensar.
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